A primeira vez que li O retrato de Dorian Gray foi com meus doze/trezes anos e é curioso como algumas histórias nunca nos deixam, apesar do tempo, dezoito anos depois, ainda me recordei de algumas cenas que mais me chamaram atenção à época.
Tenho esta edição há muitos anos. Consegui em um sebo, o qual não me recordo, e é uma edição datada de 1980 da antiga editora Abril Cultural, com tradução de Oscar Mendes e capa dura que é tudo pra mim!
Dorian Gray era um jovem rapaz, a princípio, ingênuo em relação à sua beleza, oh sim, ele era belo, da alta sociedade londrina. Tão belo que despertou a paixão em várias pessoas ao seu redor. Entre eles, Basilio Halloward, um grande artista da época e seu amigo.
Basílio viu no jovem Dorian uma beleza extraordinária, posso dizer que ele viu mais além da beleza, ele viu a alma do rapaz e o que ele inspirava no artista. Assim, pediu que ele posasse para um retrato (em tamanho real) que se tornaria a melhor e mais bela pintura que ele faria em toda a sua vida, mas que não ousava expô-la, pois ele também depositou muito de si na obra.
Na sessão final, em que Basilio terminaria a obra, Dorian conhece Lorde Henry Wotton, um jovem cínico, também da alta sociedade, que abre os olhos do jovem para a sua real beleza ( o que remete ao mito de Narciso da mitologia grega) e transforma imediatamente o jovem quando olha diretamente para o seu retrato, agora terminado. No momento em que ele olha para o retrato e percebe que este ficaria intocado pelo tempo, mostrando a sua beleza de outrora, enquanto o real Dorian, envelheceria com o tempo, algo acontece.
- Como é triste - murmurou Dorian, com os olhos fixos ainda no seu retrato. - Como é triste! Tornar-me-ei velho, horrível, espantoso. Mas este retrato permanecerá sempre jovem. Não será nunca mais velho do que neste dia de junho... Se ocorresse o contrário! Se eu ficasse sempre jovem, e se este retrato envelhecesse! Por isso - por isso - eu aria tudo! Sim, não há nada no mundo que eu não desse! Daria até a minha alma!
No momento exato em que ele olha seu retrato, a sua alma se corrompe, e este passaria a absorver não só a passagem do tempo, deixando o jovem rapaz com a eterna juventude e beleza, como também absorveria os pecados cometidos pelo protagonista, deixando este viver sem sofrer as consequências morais de seus atos.
A obra é a mais famosa de Oscar Wilde e ele colocou um pouco de si em suas páginas e pagou um preço alto após a sua publicação. Era notável que as cenas de homossexualismo, embora aos nossos olhos não sejam nada demais, pois são implícitas, bastaram para que o autor fosse condenado. Pois na época o homossexualismo era considerado crime na Inglaterra do século XIX.
O livro também aborda um pouco do que o autor pensava da sociedade da época. Tudo muito glamoroso, mas que existia algo por traz de tudo aquilo, principalmente com os relatos de Lorde Henry, que ao meu ver, pode ser comparado com o diabo, pois contribuiu com a corrupção da alma de Dorian Gray e, ainda, mostra o lado mais perverso da sociedade e das pessoas.
Oscar Wilde, ainda nos mostra que a moral se constrói quando temos medo de uma possível punição, do contrário, viveríamos livres como Dorian Gray, mas também teríamos o mesmo fim. É um livro sobre a natureza humana e suas consequências e é uma obra incrível.
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